BIOGRAFIA: RIMSKY-KORSAKOV, Nicolay Andreevich (1844-1908).
Rimsky-Korsakov nasceu em Tijvín, na província de Novgorod; ele estudou para tornar-se oficial de marinha, mas, aos vinte e dois anos de idade, abandonou a carreira para dedicar-se somente à música. Rimsky-Korsakov tornou-se professor de Composição e Instrumentação; ele foi Diretor da Orquestra do Conservatório de São Petersburgo (1871-). O músico empreendeu estudos musicais aprofundados, por correspondência, sob a supervisão de P. I. Tchaikowsky. ele deixou obra sinfônica, lírica, baseada em temas do folclore russo.
Obra sinfônica de sucesso de Rimsky-Korsakov foi o Capricho Espanhol (1887). O músico compôs a ópera A donzela de Pskov (1868), na qual sua história foi baseada na revolta dos habitantes desta localidade contra o Czar Ivan, conhecido como O Terrível. Rimsky-Korsakov compôs a ópera Sadko (1896), baseada no libreto de Vladimir Stassov, passada na cidade de Novgorod; essa ópera estreou nos palcos russos no ano seguinte (1897). Foi ainda o músico e compositor quem ressuscitou para a música russa um instrumento antigo, o Gusli, espécie de cítara. Rimsky-Korsakov compôs A lenda da cidade invisível de Kitszh e da virgem Fevrônia (1904), baseada no narrativa popular da tradição oral, que estreou inicialmente nos palcos russos (1907). Sergey Diaghilev (1872-1929) levou esta ópera, com a regência do próprio compositor, para os palcos parisienses.
O empresário russo, Diaghilev, tornou-se mundialmente conhecido devido principalmente aos espetáculos dos Ballets Russes; ele promoveu anteriormente cinco concertos de música clássica e ópera, na dita, Temporada Russa [Saison Russe] (Paris, 1907; 1908). Os eventos foram todos organizados conjuntamente com Gabriel Astruc, editor de La Révue Musicale [A Revista Musical].
A ópera A donzela de Pskov (1868), de Rimsky-Korsakov, foi encenada com grande sucesso nos palcos parisienses, intitulada por Diaghilev de Ivan, o Terrível, cantada pelo excepcional baixo russo Fyodor Ivanovich Chaliapin (1873-1938). A estréia da ópera foi na primeira temporada operística, com a primeira apresentação do cantor de ópera Chaliapin, que também cantou, juntamente com Félia Litvinne, a ópera Príncipe Ígor de Borodin (músico do Grupo dos Cinco); ele também cantou a ária de Kovanshchina, de Rimsky-Korsakov; e atuou e cantou no papel principal (Bóris), na ópera Bóris Godunov de Mussorgsky (Grupo dos Cinco). Na ocasião, foram ainda apresentadas músicas de Mikhail Glinka, Aleksandr Glazunov e Sergey Scriabin. Sergey Vasilievitch Rachmaninov (1873-1943), tocou no piano seu Concerto n. 2 para piano e orquestra. O sucesso da primeira apresentação, que contou com a presença de vários membros da nobreza russa que se encontravam em Paris, bem como do Presidente da República, abriu caminho para a próxima temporada de ópera russa, que realizou-se no ano seguinte (1908).
Um dos maiores sucessos de Rimsky-Korsakov foi a música para o balé Shéhérazade (1888), encenado pela Cia. Teatral S. P. Diaghilev, que alcançou grande sucesso quando estreou nos palcos parisienses com a rica e coloridíssima cenografia e figurinos do artista russo Léon Bakst (1866-1924). O bailarino principal foi o jovem Vaslav Nijinsky (1889-1950), com cenários e figurinos de beleza excepcional, comentados por Marcel Proust, que assistiu à récita da estréia (20 maio, 1910). As guaches dos cenários e figurinos do pintor russo encontram-se nos arquivos da Biblioteca da Ópera de Paris.
Outra música do compositor russo que tornou-se tema de balé, igualmente encenado com grande sucesso pelos Balés Russos, foi O Galo de Ouro [Le Coq d'Or] (1907), que estreou nos palcos parisienses (1910), com cenários e figurinos de Sergey Sudeikin (1882-1946). Posteriormente Diaghilev reencenou este balé, com novos cenários da artista russa, posteriormente naturalizada francesa, Natalia Gontcharova. Na segunda versão cenográfica, a artista utilizou cores muito vivas, com inspiração folclórica russa, predominando os tons vermelho, branco e amarelo (1914). O balé deslumbrou os parisienses e várias fotografias dos desenhos cenográficos de Gontcharova encontram-se reproduzidas (DUFOURCQ, 1976; HAGER, 1986; e SHEAD, 1989).
A música do compositor russo N. Rimski-Korsakov, como Shéhérazade, foi adaptada para a ópera em três atos com libreto de Wladimir Bielski, que estreou na temporada do TMSP (21 de set., 1977), com orquestra sob a regência de Pedro Ignácio Calderón. Apresentaram-se Paulo Fortes (Rei Dondon), Thereza Godoy (Rainha de Chemalchan), Edmar Ferretti (Galo de Ouro), Mariângela Rea (Amelfa), Zacharia Marques (o Astrólogo) e Paulo Adonis (General Polkan), entre outros.
Outra obra, foi o poema sinfônico de N. Rimsky-Korsakov, A Noite de Maio (1878), que Diaghilev adaptou para o balé O Sol da Noite, que ele encenou em vários palcos europeus e até mesmo americanos, na ocasião em que viajou com os Balés Russos (América do Norte e Sul, 1916). Esse espetáculo foi montado com a coreografia de Leonid Massine (1894-1979), cenários e figurinos de Mikhail Larionov (1881-1964). Rimsky-Korsakov compôs a ópera Sadko (1867), que Diaghilev apresentou em Paris (1907; 1908); Ivan, o Terrível (1868-1872); Mlada (1890); A noite de Natal (1895); Vera Cheloga (1898); A noiva do Czar (1898); Servília (1901); Katchei (1902); Pan Voievoda (1903); e a ópera Czar Saltán (1900), hoje considerada como a mais autêntica das óperas cômicas russas.
Rimsky-Korsakov compôs os poemas sinfônicos Capricho Espanhol (1887); A Grande Páscoa Russa (1888); Shéhérazade (1888); Antar (1903), Epitáfio e Kitege (1904); Dubinuschka (1905). No Brasil Kitege foi apresentada com a Grande Companhia Lírica Russa e a orquestra formada com sessenta professores de música, do Rio de Janeiro e de São Paulo, na SCA/ Sociedade de Cultura Artística (São Paulo, 18 ago., 1929).
Foi graças à Rimsky-Korsakov que óperas dos seus amigos Modest Petrovich Mussorgsky (1839-1881) e Aleksandr Porfirevich Borodin (1833-1887), chegaram até o século XX. O músico orquestrou-as e preparou-as para serem executadas por grandes orquestras, sem nada ganhar com isto exceto muitas críticas, severas na sua época. As críticas foram devidas principalmente ao fato de que Nicolai Rimski-Korsakov corrigiu várias das passagens originais destas músicas; mas ele foi coautor generoso e, principalmente, tornou as músicas passíveis de serem executadas e não obras perdidas para as novas gerações.
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
DUFOURCQ, N. (org.); ALAIN, O.; ANDRAL, M.: BAINES, A.; BIRKNER, G.; BRIDGMAN, N.; Mme. de CHAMBURE; CHARNASSÉ, H.; CORBIN, S.; AZEVEDO, L. H. C. de; DESAUTELS, A.; DEVOTO, D.; DUFOURQ, N.; FERCHAULT, G.: GAGNEPAIN, B.; GAUTHIER, A.; GÉRARD, Y. HALBREICH, H.; HELFFER, M.; HODEIR, A.; ROSTILAV, M.; HOFMANN, Z.; MACHABEY, A.; MARCEL-DUBOIS, C.; MILLIOT, S.; MONICHON, P.; RAUGEL, F.; RICCI, J.; ROUBERT, F.; ROSTAND, C.; ROUGET, G.; SANVOISIN, M.; SARTORI, C. SHILOAH, A.; STRICKER, R.: TOURTE, R.; TRAN VAN KHÊ, A. V., VERLET, C. VERNILLAT, F.; WIRSTA, A.; ZENATTI, A. La Música: Los Hombres, Los Instrumentos, Las Obras. Barcelona: Planeta, 1976, p. 240. 299.
HAGER, B. Les Ballets Suedois. Translated by Ruth Sharman. London: Thames and Hudson, 1990. 303p.: il., algumas color., p. 100.
SHEAD, R. Ballets Russes. Secaucus, New Jersey: Quarto Book, Wellfleet Press, 1989. 192p.: il,.algumas color., 25 x 33 cm, pp. 14, 20, 23, 26, 31-32, 47, 55,74, 80, 94.
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