terça-feira, 19 de junho de 2012

GLOSSÁRIO: BALÉS SUECOS [BALLETS SUEDOIS] (Paris, 1920-1924).

GLOSSÁRIO: BALÉS SUECOS [BALLETS SUEDOIS] (Paris, 1920-1924).

O empresário sueco Rolf de Maré, organizou e patrocinou os Balés Suecos [Ballets Suedois]. A nova companhia de dança moderna, contratou os melhores artistas das vanguardas parisienses para a elaboração dos argumentos, cenários e figurinos de seus balés. A companhia sueca apresentou seus espetáculos em 185 cidades da Europa e 24 cidades norte-americanas.

Os espetáculos dos Balés Suecos, ao longo de quatro anos, foram: Jogos [Jeux] (1920), com música de Claude Debussy, cenários de Pierre Bonnard e figurinos de Jeanne Lanvin; Ibéria (1920), com cenários e figurinos do artista sueco Alfred Steinlen; Noite de São João [Nuit de Saint Jean] (1920), com cenários e figurinos do sueco Nils de Dardel; Vendedor de pássaros [Marchand d'Oiseaux] (1920), com cenários e figurinos de Héléne Perdriat; As Virgens Loucas [Les Viérges Folles] (1920), com cenários e figurinos do sueco Einar Nerman; A Tumba de Couperin [Le Tombeau de Couperin] (1920), com cenários e figurinos de Pierre Laprade; Dansghille (1920), com cenários e figurinos do principal bailarino e coreógrafo dos Balés Suecos, Jean Borlin; O Homem e seu Desejo [L'Homme et son désir] (1921), com cenários e figurinos de Andrée Parr; A Caixinha de Surpresas [La Boîte à Joujoux] (1921),  com música de Claude Debussy, cenários e figurinos de André Héllé; todos os espetáculos apresentaram coreografia de Jean Borlin.

Finalmente, o balé original, Os Noivos da Torre Eiffel [Les Mariés de la Tour Eiffel] (1921), com a música composta pelos participantes do dito, Grupo dos Seis [Groupe des Six] (Georges Auric, Darius Milhaud, Arthur Honegger, Francis Poulenc, Germaine Tailleferre e Henri Sauguet, que substituiu Louis Durey; v.). Esse balé, com libreto de Jean Cocteau, o narrador, apresentou coreografia de Jean Borlin, cenários de Irene Lagut, figurinos com malha colante de Paul Colin, usados com máscaras gigantescas de Jean Hugo e Valentine Gross (depois Hugo; v. biografia).

O escritor Ricciotto Canudo (1877-1923) publicou o poema Skating Rink [Rinque de Patinação] no jornal Le Mercure de France (1920). Esse texto agradou a Jean Borlin, principal coreógrafo e bailarino dos Balés Suecos [Ballets Suedois], de Rolf de Maré (Paris, 1920-1924). Borlin convidou Fernand Léger para criar a cenografia e os figurinos e transformou o poema de Canudo em balé com música de Arthur Honegger (Paris, 1922). Os desenhos dos cenários e dos figurinos, gráficos e abstratos de Léger, se encontram reproduzidos (HAGER, 1983).


Depois de Skating Rink [Rinque de patinação] (1922), com nome assim em inglês, seguiu-se El Greco (1922), com cenários baseados na obra do pintor espanhol, executados por Georges Mouveau (v. Grupo dos Apaches); e figurinos de autoria de Jean Borlin, que dançou com o peito nu; fez grande sucesso nos palcos parisienses o balé A Criação do Mundo [La Création du Monde] (1923), com libreto de Blaise Cendars baseado em conto africano, recebeu música de Darius Milhaud, coreografia de Jean Borlin, cenários e figurinos Cubistas de Fernand Léger.

O balé Casa dos Loucos [Maison des fous] (1923), recebeu cenários e figurinos do artista sueco Nils de Dardel, que anteciparam o movimento Surrealista; o balé Vítimas de Lunden [Offerlunden] (1923), recebeu cenários e figurinos do sueco Gunnar Halstrom; Escultura Negra [Sculpture Nègre] (1923), novamente com libreto de Blaise Cendrars, cenários e figurinos de Fernand Léger; Within the Quota [Dentro da cota], (1923), assim com nome em inglês, com música de Cole Porter, cenários e figurinos de Gerald Murphy, as únicas presenças norte-americanas em espetáculo europeu na primeira metade do século XX (v. biografias). Na realidade esse espetáculo dos Balés Suecos, bem como alguns outros, ficaram muito mais caracterizados na estética dos musicais do que fundamentados nos espetáculos eruditos de balé. intervalo do último espetáculo dos Ballets Suedois (HAGER, 1990).

Seguiu-se Derviches (1924), com cenários e figurinos de Jean Borlin; O Jarro [La Jarre] (1924), baseado no libreto do escritor italiano Luigi Pirandello, com cenários e figurinos de Giorgio De Chirico; O Pórtico [Le Porcher] (1924), baseado em conto sueco de Hans Christian Andersen, com cenários e figurinos do russo Alexandre Alekseev; O Torneio Singular [Le Tournai Singulier] (1924), com cenários e figurinos do artista japonês que vivia em Paris, Léonard Foujita; e Relâche [Relache] (1924), com libreto de Francis Picabia para o balé, autor do argumento para o filme Entreato [Entr'acte] (1924), dirigido por René Clair e projetado no intervalo do último espetáculo dos Ballets Suedois (HAGER, 1990).


Os Balés Suecos (Paris, 1920-1924) concorreram com os Ballets Russes, da Cia. Teatral S. P. Diaghilev (Paris, 1909-1929). No entanto, não conseguiram obter a estética da obra de arte totalmente integrada, como a companhia russa, que obteve a reunião dos melhores músicos europeus, muitos geniais como Stravinsky, Prokofiev, Manuel de Falla e os músicos russos do dito, Grupo dos Cinco, e os europeus do dito, Grupo dos Seis. A música dos Balés Suecos não apresentou a força extraordinária das músicas selecionadas a dedo pelo promotor dos Balés Russos, Sergey Diaghilev, ele mesmo também músico e antigo aluno de Nikolay Rimsky-Korsakov, um dos grandes músicos russos promovidos através das primeiras apresentações dos Balés Russos, da Cia Teatral S. P. Dighilev. Outra crítica foi que, muitas vezes, nos espetáculos promovidos pelos Balés Suecos, a cenografia e os figurinos impunham presenças tão fortes que predominavam e engolfavam os espetáculos encenados (SHEAD, 1989: 89).

Nem os Balés Suecos, nem os Balés do Conde Etiènne de Beaumont (Paris, 1924-1925; v.), que fizeram concorrência ressentida por Diaghilev, tentando sombrear os espetáculos dos Balés Russos, sequer arranharam a imagem das maravilhosas, originais, eruditas e primorosas apresentações dos espetáculos encenados pelos Balés Russos, a melhor companhia de dança na primeira metade do século XX.
 
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

SHEAD, R. Ballets Russes. Secaucus, New Jersey:Quarto Book, Wellfleet Press, 1989. 192p.: Il,.algumas color., 25 x 33 cm, pp. 89, 137, 183.



HAGER, B. Les Ballets Suedois. Translated by Ruth Sharman. London: Thames and Hudson, 1990. 303p.: il., algumas color., pp. 01-303.

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