EXECUÇÕES MUSICAIS PRIVADAS DE VIENA OU GRUPO (VIENENSE) DA SOCIEDADE SCHOENBERG (Viena, Áustria, 1918-1921).
A Sociedade de Execuções Musicais Privadas de Viena se formou em torno de Arnold Shoenberg, que reuniu a seu lado compositores e músicos que formavam a nata da juventude musical da época, como Alban Berg, Anton Webern e o polonês Edward Steuermann, compositor, pianista e professor do conhecido intelectual Theodor Adorno. A Sociedade, que perdurou por pouco mais de três anos, realizou 117 concertos de assinatura para 300 sócios mantenedores: 154 obras executadas nos concertos semanais, foram compostas a partir da obra de Gustav Mahler. Segundo Webern declarou no texto publicado no folheto inaugural da Sociedade, as partituras executadas nos concertos foram reduções, que permitiram sua reprodução por grupo pequeno de instrumentistas, a fim de permitirem a apreciação da música moderna despida de grandes efeitos sonoros. Na realidade, essa foi a porta de saída encontrada por pequeno, talentoso e seleto grupo de músicos e compositores, desejoso de mostrar o seu trabalho e viver de música.
Foi Arnold Shoenberg quem reduziu para o conjunto de câmara as partituras de mais de 100 instrumentos da versão original da Canção da Terra, de Gustav Mahler, lançando seu olhar criativo na tradução da essência da música do conhecido maestro e compositor vienense. Durante décadas o trabalho de A. Shoenberg influenciou toda a nova geração de músicos, alcançando mais tarde expoentes internacionais como o francês Pierre Boulez.
Durante o período da I Guerra Mundial, Steuermann, o pianista oficial do grupo vienense, reduziu para piano a ópera A Mão Feliz [Die Glückliche Hand] e a Sinfonia de Câmara n. 01 (Opus 9), de A. Shoenberg. A estréia do grupo da Sociedade de Execuções Musicais Privadas de Viena foi com a nova versão da Sinfonia n. 07, de Alfredo Casella para piano a quatro mãos.
A Sociedade impôs normas rígidas a seus associados: não divulgava com antecedência o programa semanal de concertos, proibia manifestações do público como aplausos e vaias, e não permitia que fossem publicadas críticas sobre as obras. A Sociedade, no entanto, aceitava as manifestações pessoais do público mantenedor, que podia depositar suas impressões na urna localizada na sala dos concertos. As normas visavam romper com o domínio da crítica musical vienense, que não aceitava a música de vanguarda.
No século XX algumas obras da Sociedade de Execuções Musicais Privadas de Viena foram gravadas, como a dita, Canção da Terra, de Gustav Mahler com arranjo de A. Schoenberg, pelo Ensemble Musique Oblique, com solos de Hans Peter Blochwitz e Birgit Remmert (Selo Harmonia Mundi). Foi novamente gravada a Canção da Terra com arranjo de A. Schoenberg, com a participação do tenor Fernando Portela e do barítono Rodrigo Esteves sob a regência do maestro Carlos Moreno (Selo Algol, São Paulo, 2008). Também foram gravadas outras composições de G. Mahler, A. Shoenberg e Federico Bussoni, com solos de Anna Holroyd, sob a regência de Amaury du Closel (Selo Auvidis Valois); a gravação Viena 1900, apresentou composições de Alban Berg, Gustav Mahler, Arnold Shoenberg e Aleksander von Zemlinsky, com solos de Riccarda Wesseling para o Nouvel Emsemble Contemporain sob a regência de Pierre-Alain Monot (Selo Claves).
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
ARTIGO. COELHO, J. M. Hora de repensar o sentido dos concertos. São Paulo: O Estado de São Paulo, Caderno 02, D2, domingo, 02 mar., 2008.
ARTIGO. SAMPAIO, J. L. O nascimento da música moderna. São Paulo: O Estado de São Paulo, Caderno 02, D1, domingo, 02 mar., 2008.
ARTIGO. ZANI, A. Personagens a serem descobertos. São Paulo: O Estado de São Paulo, Caderno 02, D2, domingo, 02 mar., 008.
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