A artista russa naturalizada francesa (1938-), nasceu em Ladzimo (Toula). Goncharova foi a companheira artística por mais de 50 anos da vida de Mikhail Larionov (1881-1964). A artista estudou na Escola de Pintura, Escultura e Arquitetura de Moscou e foi aluna do escultor Troubetskoy. Goncharova começou a expor suas obras na Rússia (1900). A artista participou da Sala Russa no Salão de Outono (Paris, 1906), organizada por Larionov a pedido de Sergey Diaghilev (1872-1929).
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
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Goncharova organizou a mostra do Grupo A História dos Quadros (1910;v.) e participou, juntamente com Larionov, da organização do Grupo Rabo de Burro [Osliny Kvost], surgido no momento da cissão com o Grupo Valete de Diamantes [Bubnovy Valet] (12 fev., 1912). A artista assinou o Manifesto do Raionismo [Luchism] com Larionov (1912). Goncharova viajou a Paris, mas depois regressou à Rússia, levando consigo a visão apreendida das vanguardas artísticas francesas.
Goncharova participou do Grupo União da Juventude (São Petersburgo, 1913), onde divulgou o Manifesto citado, ilustrado com seis litografias de sua autoria. Na ocasião, o poeta armênio Ilia Zdanevich (Iliazde, 1894-1975), nascido em Tiflis (hoje Tbilissi, capital dda Armênia), apresentou-se e passou a participar do grupo vanguardista Rabo de Burro. Outros participantes foram Mihkail Ledentu (1891-1917), Vladimir Mikhailovich Konashevitch (1888-1963) e Aleksander Shevchenko (1883-1948), que, em conjunto com Larionov e Gontcharova, organizaram a primeira mostra do Grupo Alvo, seguida de debates sob o tema O Ocidente, a nacionalidade, o Oriente (23 mar., 1913). O conjunto da mostra causou escândalo e provocou inúmeras discussões, o que atraiu muitos visitantes para a exposição, inaugurada no dia seguinte aos debates.
Obras de Gontcharova, passaram a participar de mostras internacionais, juntamente com Larionov e Kasimir Malevich (1878-1935), entre outros artistas estrangeiros, como da segunda exposição do Grupo do Cavaleiro Azul [Der Blaue Reiter] (Munique, 1912). Essa exposição, organizada pelo russo Wasily Kandinsky (1866-1944), itinerou ao primeiro e único Salão de Outono Alemão [Herbstsalon], organizado por Herward Walden na Galeria da Tempestade [Der Sturm] (Berlim, 1913; v.).
Larionov, Goncharova e Vladimir Maiakovsky (1893-1930), participaram da primeira incursão das vanguardas russas no cinema: os artistas dirigiram, produziram e atuaram no filme Drama no Cabaré 13 (1913). Esse filme é o primeiro de que temos notícia como produzido por artistas das vanguardas internacionais nas artes plásticas.
Gontcharova participou da exposição organizada por Larionov, a N. 4, Futuristas, Raionistas e Primitivos (1914); ela participou na companhia de Larionov e Zdanevich, todos com o rosto e mãos pintados com simbolos abstratos, de passeata pela ruas de Riga (1910). Posteriormente os artistas citados, entre outros como David Burliuk (1882-1967), compareceram dessa forma à inauguração do cabaré Lanterna Rosa. A fotografia posada do grupo com as mãos e rostos pintados que encontra-se reproduzida (KOVTUN, 1988), na época foi publicada na revista Argus, que publicou também o Manifesto Porque pintamos à nós mesmos. Os artistas depois participaram da mostra Rostos Pintados, organizada por Zdanevich (Moscou, 1914).
Larionov e Gontcharova viajaram a França para apresentarem sua exposição conjunta na Galeria Paul Guillaume (Paris, jun., 1914). A Rússia entrou no conflito da I Guerra Mundial (I GM), no lado oposto ao da França (ago., 1914). Gontcharova não voltou mais à Rússia, pois foi convidada por Sergey Diaghilev (1872-1929) para criar os cenários e figurinos para o balé O Galo de Ouro [Le Coq D'Or] (1914-). A artista criou cenários deslumbrantes, nos quais reviveu imagens inspiradas na arte popular e folclórica russa. Esse balé foi encenado com música de Nicolay Andreevich Rimsky-Korsakov (1844-1908), com arranjo de Igor Fedorovich Stravinsky (1882-1971), coreografia de Michel Fokine (1881-1942) e regência da orquestra por Pierre Montreux. Quando estreou no Teatro da Ópera, esse balé conquistou a cidade: foi um dos maiores sucessos dos Balés Russos (Paris, 1914). Os desenhos cenográficos de para os cenários e figurinos do balé O Galo de Ouro, encontram-se reproduzidos (SHEAD, 1986)
Durante a I GM Gontcharova viajou para a Suíça com o que restou da Companhia Teatral S. P. Diaghilev; mas Larionov voltou a seu país, convocado para servir ao exército russo como oficial. O artista foi gravemente ferido na frente de batalha e passou longo período hospitalizado: ele foi visitado por Osip Brik (1888-1945), burocrata que exercerá importante influência e participação nos rumos políticos das vanguardas soviéticas após a Revolução Russa (1917-) A fotografia que documenta essa visita encontra-se publicada (KRENS, 1992). Larionov deu baixa do exército (1915) e voltou à França, onde viveu o restante da vida com Gontcharova, com quem posteriormente se casou (1948).
Larionov tornou-se o Diretor de Arte dos Balés Russos, companhia de seu amigo Sergey Diaghilev e, juntamente com Gontcharova, participou durante décadas da vida diária da companhia para a qual ambos trabalharam até a morte do empresário (Veneza, 1929). Tanto Gontcharova, bem como Larionov, criaram cenografia e figurinos para inúmeros espetáculos; a dupla criou o balé Liturgia com música litúrgica, Suite com sete Movimentos Plásticos, com libreto da dupla e coreografia de Léonid Massine (1894-1979; v. biografia), programado para ser encenado mas nunca levado aos palcos (Lausanne, 1915). Posteriormente Goncharova criou para Diaghilev a cenografia de Contos Russos [Russkie skazki], com música de Anatol Konstatinovich Lyadov (1923). A artista também criou a cenografia para o balé As Núpcias [Les Noces], encenado com música de Igor Stravinsky (Monte Carlo, 17 abr., 1924).
Goncharova criou cenários e figurinos para Uma Noite no Monte Calvo [Noc na Lyusoj gore] (1926), com música de Modest Petrovich Mussorgsky (1839-1881) do Grupo dos Cinco músicos russos (v.).
Gontcharova tornou-se professora de pintura do artista americano Gerald Murphy (1888-1964), no período em que ele viveu na França (v. o Círculo de Gertrude e Leo Stein, Paris, c. 1903-1933). A artista russa apresentou-o ao empresário sueco Rolf de Maré, quando Murphy restaurou cenários da Companhia dos Balés Suecos [Ballets Suedois] (Paris, 1920-1924). Na primeira metade do século XX, Murphy foi o único artista plástico norte-americano que criou cenografia e figurinos para balé europeu, com música de seu antigo colega Cole Porter, da Universidade de Yale.
Em Paris, as obras do CuboFuturismo (v.), de Gontcharova participaram da mostra coletiva do Cubismo, do Grupo da Seção de Ouro [Section D'Or] (1920); do XXXI Salão dos Artistas Independentes (1921); de mostra retrospectiva na Galeria Deux-Îlles (1948); da coletiva A Obra do Século XX [L'Oeuvre du XXème Siécle], no Museu Nacional de Arte Moderna (MNAM) (Paris, 1952); de mostra individual com c. de 50 obras (1907-1956), na Galeria do Instituto (1956).
No final da década 1920 o Museu Russo de São Petersburgo, sob orientação de Nicolay Punin (1888-1953), adquiriu para seu acervo inúmeras obras de Gontcharova e Larionov. O Museu inaugurou a Mostra Comemorativa do X Aniversário da Revolução Russa, e homenageou Larionov e Gontcharova com Sala Especial (nov., 1927).
Gontcharova foi artista com grande influencia na arte das vanguardas russas, devido ao trabalho no qual resgatou as raízes primitivas e folclóricas da arte do seu país, que divulgou criando o movimento de retorno às tradições e que, de certa forma, rejeitou a influência dos movimentos da arte estrangeira como do Cubismo francês e do Futurismo italiano. Na velhice, marcada por relativo ostracismo, Natália Gontcharova faleceu na França. Na juventude foi uma bela mulher, como documentam suas fotos publicadas (HULTEN, 1986; e KRENS, 1992).
Duas das pinturas Raionistas de Goncharova encontram-se reproduzidas: Raionismo (1917, acervo da Galeria Franka Berndt Bastille, Paris) e Floresta verde e amarela [Forêt vert et jaune, 1922, óleo/ tela, 102 cm x 85 cm) (DUROZOI, 1992). As obras Os Gatos (1910) e Eletricidade (1910-1911), encontram-se reproduzidas (SEUPHOR, 1957).
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