sexta-feira, 13 de abril de 2012

DÉCIMA SEGUNDA PARTE REFORMULADA DA HISTÓRIA DOS BALÉS RUSSOS

[BALLETS RUSSES], DA CIA. TEATRAL SERGEI PAVLOVICH DIAGHILEV (Paris, 1909-1929).

Temporada: 1926.

No começo do ano a Cia. Teatral S. P. Diaghilev reuniu-se em Monte Carlo, preparando os novos balés para a temporada parisiense: Romeu e Julieta [Romeo and Juliet] (Lambert/ Max Ernst - Joan Miró); A Pastoral [La Pastorale] (Bóris Kochno/ Georges Auric); João na Caixa [Jack in the Box] (Erik Satie). Estrearam  Barabau (Balanchine/ Rieti) e O Triunfo de Netuno [The Triumph of Neptune](Lord Beners) na Inglaterra, temporada anual prolongada no Teatro Coliseum (Londres, 26 out. -  dez., 1926).

Romeu e Julieta [Romeo and Juliet] (Christian Lambert).

Nessa temporada Bronislava Nijinska concordou em voltar e coreografar o novo espetáculo, criado especialmente para os palcos ingleses, mas que estreou em Monte Carlo (1926). A versão de Adão e Eva, com música do inglês Christian Lambert, Diaghilev trocou de nome para Romeu e Julieta [Romeo and Juliet]. Tamara Kasarvina, a bailarina adorada pelos franceses e, principalmente pelos ingleses, dançou no papel de Julieta. Para desenhar os cenários e figurinos, foi sugerido, entre outros, o nome do vanguardista inglês Windham Lewis; mas Diaghilev optou pelos artistas Max Ernst e Joan Miró, do grupo Surrealista, movimento lançado recentemente em Paris (1924).

Lambert (v. biografia) detestou os cenários e figurinos quando foi assistir ao último ensaio do balé, que estreou em Monte Carlo. Diaghilev ficou irredutível quanto às mudanças desejadas pelo músico,  e o balé moderníssimo estreou conforme programado (4 maio, 1926). Esse espetáculo participou da temporada parisiense, realizada no Teatro Sarah Bernhardt (18 maio). Nessa estréia foram ouvidas muitas vaias dirigidas por grupo de Surrealistas, liderados pelo escritor Louis Aragon, que não aceitou a adesão por parte de Ernst e Miró daquilo que o grupo percebeu como a capitulação dos cenógrafos e figurinistas ao detestado capitalismo. A publicidade gerada pelo episódio somente solidificou o sucesso de escândalo desse balé.

João na Caixa [Jack in the Box] (Erik Satie).

Satie faleceu (1925); pouco depois S. Diaghilev montou o balé  João na Caixa [Jack in the Box], musicado com três danças que Satie escreveu no final do século XIX (1899). Darius Milhaud orquestrou-as, em homenagem ao seu antigo mestre. A coreografia foi de Georges Balanchine que destacou o virtuosismo de Taddeusz Idzikowski, que dançou com as bailarinas Alexandra Danilova, Félia Dubrovska e Lubov Tchernicheva.


A Pastoral [La Pastorale],

Os Ballets Russes montaram A Pastoral [La Pastorale], balé com libreto de Bóris Kochno, sendo a música encomendada a Georges Auric (v. Grupo dos Seis), com cenários e figurinos de André Derain e coreografia do russo Georges Balanchine. Esse espetáculo destacou o virtuosismo de Léon Woizikowski que dançou com o apoio das bailarinas Félia Dubrovska e Lubov Tchernicheva.

Barabau (Rietti).

O jovem Vittorio Rieti havia encontrado Diaghilev em Veneza, e foi contratado para transformar músicas existentes em balé com coral. Os cenários e figurinos foram do pintor francês Maurice Utrillo. Rieti saiu-se bem, produzindo música influenciada por Stravinski; a coreografia foi de George Balanchine. O balé com coral Barabau, que agradou a audiência inglesa, estreou em Londres (11 dez., 1926).

O Triunfo de Netuno [The Triumph of Neptune](1926).

Essa temporada anual montou o balé dito, inglês, O Triunfo de Netuno [The Triumph of Neptune], com libreto de Sacheverell Sitwell, música de Lord Berners, coreografia de George Balanchine. Essa evocação Vitoriana recebeu cenografia do espanhol Pedro Pruna, com a execução dos cenários e figurinos pelo príncipe Schervashidze, que adaptou as gravuras vitorianas que inspiraram os figurinos. Depois de muita confusão a temporada londrina foi inaugurada no grande Teatro Coliseum, com capacidade para três mil espectadores (3 de nov., 1926). Os esforços de todos foram bem recompensados, pois esse balé, que recebeu o subtítulo de Pantomima Inglesa em Dez Quadros [English Pamtomime in Ten Tableaux], colocou em cena cinquenta bailarinos liderados pelas grandes estrelas dos balés russos, Alexandra Danilova, Serge Lifar, Ldia Sokolova, Lubov Tchernicheva, Stanislas Idzikowski, Taddeus Slavinski, Leon Woizikowski. Alguns bailarinos se desdobraram em vários papéis. Danilova foi muito bem recebida e se transformou da noite para o dia na estrela dos palcos ingleses, pois os críticos britânicos adoraram sua atuação nesse balé. Algumas fotografias posadas dos bailarinos, com Danilova e Lifar, e a dupla junto com o compositor Lord Berners, outra com Lifar sozinho e Danilova na frente dos cenários pintados, usando figurinos nada excepcionais, se encontram reproduzidas (SHEAD, 1989; 146-149).   

Balé As Núpcias: Cenas coreográficas russas com canto e música (Paris, 1917; 1923; Londres, 1926; 1936; Royal Ballet Revival, Londres 50 anos depois, 1966). São Paulo,

Stravinsky compôs a música para o balé As Núpcias: Cenas coreográficas russas com canto e música, que apresentou coro em quatro partes com solistas soprano, mezzo-soprano, tenor e baixo, além de orquestra. O balé Les Noces estreou com os Ballets Russes (Paris, 1917), e foi reapresentado no Teatro Gaieté Lyrique (Paris, 13 jun., 1923). Nessa apresentação, Stavinsky completou a música com o uso de coro e solistas vocais, quatro pianos e muita percurssão: a orquestra foi conduzida pelo maestro Ernest Ansermet e apresentou os músicos George Auric, Édouard Léon, Hélène Léon e Marcelle Meyer ao piano (1923). Na reestréia (Londres, 1926), com nova cenografia da artista plástica russa Natalia Gontcharova (1881-1962), os figurinos foram criados com a colaboração de Vaslav Nijinski (1889-1950), com a coreografia de sua irmã, a bailarina e coreógrafa Bronislava Nijinska (1891-1972). Na sua versão final para orquestra completa, a música que Stravinsky compôs para o balé As Núpcias: Cenas coreográficas russas com canto e música, foi dedicada a Sergei Diaghilev, quando dois instrumentistas tocaram o instrumento indiano de cordas Cimbalon. A música foi reapresentada com a orquestra sendo conduzida pelo maestro Eugene Goossens, no Teatro Her Majesty (Londres, 1926). Nessa ocasião os quatro pianistas foram, Georges Auric, Francis Poulenc, Vittorio Rieti e Vladimir Dukelsky. Este balé foi reapresentado no Royal Ballet Revival, 50 anos depois (Londres, 1966); e no Festival Stravinsky (Nova York, 1972).

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