segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

MILLOSS, Aurélio (1906-1988).

O dançarino e coreógrafo húngaro, que, logo no início da década de 1950 viveu e trabalhou em São Paulo, nasceu em Ozora (Banato), região que nessa época pertencia a Hungria mas que, mais tarde, passou a fazer parte da República Tcheca (1919-).

Milloss nasceu no seio de família nobre; ele estudou com N. Guerra, E. Poliakova e O. Préobrajenska, e foi aluno de Hertha Feist (Berlim); ela, por sua vez, foi aluna de Rudolf von Laban. Milloss foi também aluno de Enrico Cecchetti (1927-1928), com quem aprendeu as técnicas clássicas; por sua vez, ele e Madame Cecchetti foram professores de bailarinos renomados internacionalmente, como Alicia Markova (Alicia Marks), estrela dos Ballets Russes, de Sergei Diaghilev, onde Cechetti dançou. A fotografia do casal idoso, junto com suas alunas, inclusive a adolescente Markova (Monte Carlo, 1925), se encontra publicada (SHEAD, 1989).

Milloss obteve o diploma de bailarino e coreógrafo no Instituto von Laban (Berlim); nessa cidade ele estreou, no seu primeiro recital importante, realizado na Galeria da Tempestade [Der Sturm] de Herwarth Walden (23 março, 1928). O dançarino foi solista do corpo de baile do Teatro da Ópera Estatal (Berlim, 1928-1932), enquanto estudava as técnicas clássicas com V. Gsovsky. Nesse período Milloss tornou-se bailarino e coreógrafo assistente de teatros em várias localidades, como Hagen, Dulsburg, Hamborn (Bochum); ele realizou sua primeira coreografia para a companhia do H. M. S. Royal Ballet Oak (Breslau, Alemanha, 1932). Durante duas temporadas seguidas, Milloss tornou-se, além de bailarino o Maître de Ballet em Augsburg (1932-1934); ele começou a criar coreografias para balés repetindo os programas que estrearam inicialmente nos Ballets Russes (Paris, 1909-1929) de S. P. Diaghilev, a mais importante companhia de dança européia (v.), que encerrou as atividades com a morte do empresário (Veneza, 1929).
Milloss criou sua própria versão coreográfica para Petruschka, balé com música de Igor Stravinsky; que estreou com cenários e figurinos de Alexandre Benoi, coreografia de Michel Fokine e principal bailarino Vaslav Nijinsky. Na noite de estréia desse espetáculo dos Ballets Russes, Tamara Kasarvina dançou no papel principal da Bailarina; Alexandre Orlov dançou como o Mouro, que matou o apaixonado Petruchska, e Enrico Cecchetti, aos sessenta anos de idade, fez o papel do Mágico, alcançando grande sucessono Théâtre du Chatêlet (Paris, 13 junho, 1911). A fotografia de Nijinsky, vestido com os costumes de Petruschka, posando ao lado de Igor Stravinsky, se encontra reproduzida (SHEAD, 1989). Este balé viajou com a Companhia Teatral S. P. Diaghilev e foi apresentado com Vaslav Nijinsky e seus principais bailarinos na turnê norte-americana do grupo (1916). A versão coreográfica de Milloss estreou bem depois (Budapeste, 1933).

Durante duas temporadas Milloss tornou-se, além de bailarino e diretor de balé, o principal coreógrafo do Teatro da Ópera de Düsseldorf (1934-1935); mas a ascenção do nazismo na Alemanha, obrigou-o a fugir do país. Milloss tornou-se coreógrafo-assistente de A. Németh, no Teatro Nacional e iniciou sua Escola de Dança (Budapeste, Hungria). Foi nessa ocasião que o coreógrafo conheceu o mais famoso músico húngaro, Béla Bártok, incluído entre os mais conhecidos músicos eruditos do século XX. Nessa época, Bártok compôs a música para o balé O Mandarim Maravilhoso, para o qual Milloss começou a preparar a coreografia (1936-1938). O coreógrafo e bailarino apresentou-se na primeira encenação desse balé, dançando o solo e fazendo par com Lya Karina (Budapeste, 1938). Os nazistas alcançaram a Hungria, quando a Itália tornou-se a pátria de adoção do bailarino e coreógrafo A. Milloss, que, durante sete temporadas, tornou-se o diretor de balé, principal coreógrafo e primeiro bailarino do Teatro Real da Ópera (Roma). Nessa época foram apresentados dois balés coreografados por ele: A Sagração da Primavera (1941), espetáculo montado inicialmente para os Ballets Russes de S. P. Diaghilev, apresentado com música de Igor Stravinsky (Paris, 1913). O segundo balé foi criação coreográfica do bailarino Milloss para O Mandarim Maravilhoso, que estreou em Budapeste e, foi apresentado em Milão (1942). Milloss tornou-se bailarino e coreógrafo do Teatro Scala (Milão, 1946-1947) e atuou como coreógrafo convidado de outras companhias européias de balé como os Ballets du Théâtre des Champs-Elysées (Paris). Na ocasião, Milloss coreografou Orlando Furioso e Retrato de Don Quixote (Petrassi, 1947).

Milloss tornou-se bastante conhecido internacionalmente: ele foi convidado para criar a coreografia de diversos balés (Roma, Buenos Aires, Veneza, Estocolmo e Florença). Milloss coreografou Orpheus (Stravinsky); ele criou outra coreografia para Marsia (Dallapiccola), que estreou em Veneza (1948). O bailarino continuou sua brilhante carreira e estreou suas coreografias em Florença, Veneza, Roma e Milão; para o Ballet do Marquês de Cuevas, Milloss realizou a coreografia de Balada Sem Música (1951), e Mistérios [Mystères] com músicas de seu amigo Béla Bártok (1951).

Foi o Conde Francisco Ciccilo Matarazzo, presidente da Comissão do IV Centenário de São Paulo, quem convidou Milloss para vir ao Brasil e montar a companhia dos Ballets do IV Centenário de São Paulo (1953-1954). A comissão paulista impôs ao coreógrafo uma única condição: ele teria que montar aqui pelo menos cinco balés, com música, temas e artistas brasileiros. Milloss estruturou companhia completa de balé, com sessenta bailarinos e colocou no palco dezesseis coreografias originais de sua autoria; depois ele criou mais uma, para Ilha Eterna. Nessas obras, a inspiração do coreógrafo passeou por universo de temas que comportaram estilos brasileiros variados, durante os quase dois anos que ele permaneceu vivendo em São Paulo.

Milloss cumpriu seu compromisso e montou e encenou nos palcos brasileiros cinco obras, com inspiração baseada nos temas nacionais: Uirapuru, balé com tema indígena, com música de Heitor Villa-Lobos e a concepção cenográfica de floresta, com cenários e figurinos de Clóvis Graciano; a Lenda do Amor Impossível, tema baseado na lenda popular da Yara, tradição oral brasileira, com música produzida pelos próprios bailarinos, com sons e ruídos inspirados nos sons indígenas das floresta brasileiras, argumento, cenários e figurinos de autoria de Emiliano Di Cavalcanti; Fantasia Brasileira, balé apoteótico de inspiração folclórica, em que festas do povo entraram em cena, com a música do Maestro João de Souza Lima e cenários e figurinos da artista plástica Noêmia Mourão; O Guarda-chuva, balé popular com ambientação folclórica, música do maestro Francisco Mignone, cenários e figurinos do pintor primitivo carioca Heitor dos Prazeres; Cangaceira, balé bastante polêmico, tema e danças de inspiração nordestina, que, no entanto, incluíram cenas pouco usuais como o dito, Defloramento e a Tentação do Homem Santo. Esse balé foi apresentado em São Paulo, com a música do maestro Mozart Camargo Guarnieri, e cenários e figurinos de Flávio de Carvalho.

Millos montou no total dezesseis coreografias, distribuídas em quatro programas preparados em dois anos de trabalho, desde o início do primeiro ano (1953) até o final do ano seguinte (1954). No entanto, o coreógrafo viu-se sem querer, no meio de verdadeira disputa política, pois o prefeito da cidade, Jânio Quadros, orquestrou o fracasso do projeto comandado pelas elites, pois não alocou recursos para o término da obra de reforma do Theatro Municipal de São Paulo. Assim sendo, o mais importante teatro da capital paulista, não estava disponível para as festividades do importante momento da comemoração dos quatrocentos anos da fundação da cidade de São Paulo (1554-1954). Como todos os cenários tinham sido projetados para o palco desse teatro e o ano do IV Centenário estava terminando sem que o teatro ficasse pronto, a Comissão do IV Centenário viu-se presa no impasse e, nessa emergência, preparou palco especialmente adaptado na quadra de basquete do Ginásio do Pacaembú: tal empreitada custou verdadeira fortuna do dinheiro público, aliás como todo o projeto dos Ballets do IV Centenário. Os próprios bailarinos criticavam o luxo excessivo e o desperdício dos recursos públicos, incompatíveis com o bom senso. Para o palco completo improvisado com as coxias, transformado no espaço cênico dos Ballets do IV Centenário no espaço alternativo do Ginásio do Pacaembú, Milloss precisou inventar outro balé, a Ilha Eterna. Esse espetáculo foi apresentado únicamente nesse local adaptado; para o novo balé, os cenários e figurinos foram de autoria de Aldo Calvo, ele que foi o principal responsável pelo trabalho do verdadeiro batalhão de cenotécnicos envolvidos na realização de todos os projetos cenográficos dos Ballets do IV Centenário de São Paulo.

Para a confecção dos seiscentos luxuosos figurinos, foram importados da Europa tecidos finíssimos. Milloss trouxe para São Paulo a figurinista italiana Maria Ferrara, que comandou o exército de costureiras no ateliê profissional de alta costura teatral, até então inédito na cidade. O luxo ficou por conta de manequins, encomendados nas medidas das principais bailarinas da companhia, que, deste modo, ficavam dispensadas das cansativas provas dos figurinos. O ateliê de costura trabalhou permanentemente na interpretação dos desenhos dos figurinistas: no entanto, alguns dos artistas plásticos transformados em figurinistas para os balés, como Darcy Penteado e Noêmia Mourão, reclamaram da falta de fidelidade dos figurinos criados para os balés, extraídos de seus desenhos originais, pois alguns foram simplificados mas sem pedir licença a seus idealizadores.

Para a preparação do jovem corpo de baile, Milloss trouxe da Itália a experiente bailarina Lia dell'Ara, que tinha se apresentado nos palcos europeus em alguns dos balés reencenados aqui com a nova coreografia. Miloss contou também com a ajuda da bailarina brasileira Ady Addor, um dos principais membros do Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. A música foi executada pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, sob a regência do maestro italiano Nino Stinko, que todos os músicos brasileiros foram unânimes em elogiar. O maestro, cuja fotografia se encontra reproduzida no livro Fantasia Brasileira (1998), estreou em concerto, quando a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo tocou músicas de Corelli, Beethoven, Mignone, Wagner, Haydn e Ibert; e do húngaro Béla Bártok, do russo Igor Stravinsky, do italiano Alfredo Casella e do brasileiro Heitor Villa-Lobos; tocou o primeiro andamento da música preparada para o balé Fantasia Brasileira, de autoria do maestro João de Souza Lima e as Variações para piano e orquestra sobre tema nordestino, de autoria de M. Camargo Guarnieri, que depois transformou-se na música para o balé Cangaceira, que entreou em São Paulo (17 de out., 1954). Durante os ensaios do corpo de baile os andamentos das músicas foram adaptados para a coreografia criativa de Milloss, respeitando integralmente as partituras originais; diáriamente, os pianistas Luis Emerich, Nair Medeiros e Oleg Kusnekow tocavam nos ensaios das classes dos bailarinos dos Ballets do IV Centenário.

Milloss foi competente diretor de companhia, que não se limitou apenas a treinar os bailarinos, ensaiando as sequências de movimentos: no mesmo espírito que prevaleceu anteriormente na Cia. dos Ballets Russes, de S. P. Diaghilev, Milloss igualmente buscou o envolvimento total dos bailarinos com a coreografia, a música, os movimentos e a interpretação, incorporando várias sugestões propostas pelos próprios bailarinos. O coreógrafo buscou a total colaboração, permanente, de todos os que de alguma forma participaram da companhia e, assim sendo, Milloss conseguiu conquistar para os Ballets do IV Centenário de São Paulo, qualidade ímpar, até então nunca vista na dança nacional.

Os balés estrearam no espaço improvisado do [GPSP] Ginásio do Pacaembú (nov., 1954), ocasião em que foram apresentados apenas três programas: A Ilha Eterna, balé somente apresentado nesta ocasião, música de J.S. Bach, cenários e figurinos de Aldo Calvo; o balé Fantasia Brasileira; e Deliciae populi [Delicia popular], com música de Alfredo Casella e cenários e figurinos de Tomás Santa Rosa, todos devidamente coreografados por A. Milloss.

Os programas completos do o Ballet do IV Centenário de São Paulo estrearam com grande sucesso no [TMRJ] Theatro Municipal do Rio de Janeiro; foram apresentados os balés As Quatro Estações, com música de Giuseppe Verdi, coreografia de A. Milloss, cenários e figurinos de Irene Rutchi (15 e 21 de dez.,1954); Bolero, com música de Maurice Ravel, a dita, Alucinação Coreográfica de A. Milloss, cenários e trajes de Oswald de Andrade Filho (15 e 21 dez.); Cangaceira, dito, Retrato Coreográfico de Camargo Guarnieri, A. Milloss e Flávio de Carvalho, tema com oito variações da música de Camargo Guarnieri, coreografia de A. Milloss, cenários e trajes do arquiteto Flávio de Carvalho (17 e 22 dez.); o balé Caprichos. Sarcasmos Tragicômicos de A. Milloss, música das Duas Pequenas Suites [Deux petites suites] de Igor Stravinsky, com coreografia de Milloss e cenários e trajes de Toti Scialoja (6, 25 e 26 junho, 1955); Deliciae Populi [Delícia Popular], dito, Concerto Mímico em Cinco Movimentos, de A. Milloss, sobre a Scarlattiana, de Alfredo Casella, com cenários e figurinos de Tomás Santa Rosa, apresentado no GEP-SP (6-15 de nov.,) e no Theatro Municipal do Rio de Janeiro (17, 22 de dez., 1954); Fantasia Brasileira, dito, Ballet Alegórico em Um Ato, de autoria de J. Souza Lima e A. Milloss, com música de Souza Lima, coreografia de Milloss, cenários e figurinos de Noêmia Mourão, apresentado no GEP-SP (6-15 nov.; no TM-RJ, nos dias 8, 18 e 23 dez., 1954); Ilha Eterna, dito, Imagem Coreográfica em Sete Danças de A. Milloss, como música a Suite n. 2, de Johann Sebastian Bach, coreografia de A. Milloss e cenários e figurinos de Aldo Calvo, encenado no GEP-SP (6-15 nov., 1954); Indiscrições, dito, Pequeno Espetáculo Coreográfico de Eduardo Anahory e A. Milloss, com a música Divertimento [Divertissement] de Jacques Ibert, coreografia de Milloss, cenários e trajes do português Eduardo Anahory, encenado no TMRJ (7-13 dez., 8, 18 e 23 dez., 1954); Lenda do Amor Impossível, Balé Mítico em Um Ato, com argumento, cenários e trajes de E. Di Cavalcanti, coreografia e dito, Ambiente Sonoro de A. Milloss (TMRJ, 10 e 20 dez., 1954); Loteria Vienense, dito, Ballet Satírico em Dois Quadros, com argumento e coreografia de A. Milloss, baseado em várias músicas de Johann Strauss, instrumentadas com arranjos orquestrais de Cláudio Santoro, com cenografia e trajes de Aldo Calvo (TMRJ, 10 e 20 dez., 1954); No Vale da Inocência, Ballet Idílico Concertante de A. Milloss sobre a Música do Divertimento K. 131, de Wolfgang Amadeus Mozart, com coreografia de A. Milloss, cenários e trajes de Quirino da Silva (TMRJ, nos dias 10 e 20 dez, 1954); O Guarda-Chuva, dita Comédia Coreográfica em Um Ato, com argumento de Oswald de Andrade Filho, música de Francisco Mignone, coreografia de A. Milloss, cenários e trajes de Heitor dos Prazeres (TMRJ, nos dias 15 e 21 dez., 1954); O Mandarim Maravilhoso, Ballet Dramático em Um Ato com argumento de Menybert Lengyel, música de Béla Bártok, coreografia de A. Milloss, cenários e trajes de Lasar Segall, encenado no TMRJ nos dias 10, 20 e 23 dez., 1954); Passacaglia, balé baseado na música homônima de Johann Sebástian Bach, instrumentada por Otorino Respighi, com cenários e figurinos de Cândido Portinari, encenado na dita, Semana da Marinha do Rio de Janeiro [SMRJ] (7-13 dez.; e no TMRJ, nos dias 8, 18 de 23 dez., 1954); o dito, Hino Coreográfico, criado especialmente por Milloss para a estréia dos Ballets do IV Centenário de São Paulo; Petruschka, Cenas Burlescas em Quadros, de Igor Stravinsky e Alexandre Benois, versão coreográfica de A. Milloss, com cenários e figurinos de Roberto Burle Marx, encenado na SMRJ (7-13 dez., 1954); Sonata da Angústia, dito, Ballet Mistério em Três Tempos de A. Milloss, para ser executado simultâneamente com a Sonata Para Dois Pianos e Instrumentos de Percussão de B. Bártok, com coreografia de A. Milloss e cenários e trajes de Darcy Penteado, apresentado no TMRJ (17 e 22 dez., 1954); e Uirapuru, Poema Coreográfico em Um Ato, com argumento e música de Heitor Villa-Lobos, coreografia de A. Milloss, cenários e trajes de Clóvis Graciano. Declarou AMARAL:




A documentação que restou da Comissão dos Festejos do IV Centenário da Cidade de são Paulo, a autarquia criada especialmente para comandar as realizações do IV Centenário, passou por várias instituições. Com todas estas mudanças de endereço muita coisa se perdeu, dificultando bastante o nosso trabalho.[...] No Arquivo Histórico da Bienal de São Paulo, por exemplo, procuramos saber do paradeiro dos desenhos, pois sabíamos que eles haviam sido expostos no MAM de São Paulo e do Rio em 1955 e na I Bienal de Teatro, em 1957. [...] Quando soubemos que os desenhos haviam saído do país naquele período, estendemos a pesquisa aos arquivos do Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, onde estão os processos de exportação temporária daquelas obras de arte. [...] Os figurinos confeccionados por Maria Ferrara e sua equipe foram localizados no guarda-roupa do Teatro Municipal de São Paulo. Através de fotocópias das fotos, chegamos a identificar oitenta e nove das roupas... [...] Pela Internet trocamos e-mails com um arquivo de dança moderna em Colônia, na Alemanha, onde existe um acervo do trabalho de Milloss naquele país. Foi assim que soubemos do livro "Milloss, un maestro delle coreografia tra expressionismo e classicità" de Patrizia Veroli. Dela veio a localização do arquivo de Aurélio Milloss na Itália e as pessoas que deveríamos contratar. Convidei Patrizia para fazer a curadoria da Sala Especial sobre o coreógrafo e uma de nossas pesquisadoras foi a Roma e Veneza fazer a catalogação deste material." [...] Toti Scialoja, italiano, e Eduardo Anahory, português, eram um mistério, artistas desconhecidos para nós. [...] e, em Roma, localizamos o arquivo de Scialoja. [...] Tivemos uma boa surpresa na FUNARTE do Rio de Janeiro, que mantém muito bem conservado um acervo de cenários e figurinos e onde encontramos treze desenhos para o Balé IV Centenário feitos por Irene Rutchi, Clóvis Graciano e Darcy Penteado. [...] Cópias dos desenhos dos figurinos feitos por Di Cavalcanti - levados por Milloss na sua volta a Itália - foram encontradas numa coleção particular, em Roma. Infelizmente concluímos o trabalho sem localizar nenhum dos projetos originais de Aldo Calvo, Heitor dos Prazeres e Quirino da Silva para o Ballet
[…].

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

AMARAL, Gláucia. Um balé antropofágico in Fantasia Brasileira. Antropofagia nas Artes Cênicas. São Paulo 1953-1955. São Paulo: SESC São Paulo - XXIV Bienal de São Paulo, 1998, pp. 10-25.

BARBOSA, Ana Mae. A cumplicidade com as artes in Fantasia Brasileira. Antropofagia nas Artes Cênicas. São Paulo 1953-1955. São Paulo: SESC São Paulo - XXIV Bienal de São Paulo, 1998, pp. 52-77.

TONI, Flávia Camargo. Música e Músicos do Balé do IV Centenário in Fantasia Brasileira. Antropofagia nas Artes Cênicas. São Paulo 1953-1955. São Paulo: SESC São Paulo - XXIV Bienal de São Paulo, 1998, pp. 78-95.

VALIM JÚNIOR, Acácio Ribeiro. Ballet IV Centenário: Emoção e Técnica in Fantasia Brasileira. Antropofagia nas Artes Cênicas. São Paulo 1953-1955. São Paulo: SESC São Paulo - XXIV Bienal de São Paulo, 1998, pp. 26-43.

SHEAD, R. Ballets Russes. Secaucus, New Jersey: Quarto Book, Wellfleet Press, 1989. 192p.: Il,.algumas color., 25 x 33 cm, pp. 37, 45-47, 138-139.

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