quarta-feira, 10 de abril de 2013

BIOGRAFIA: KOKOSCHKA, Oskar (1886-1980).


 
 BIOGRAFIA:KOKOSCHKA, Oskar (1886-1980).
 



O artista plástico, desenhista, pintor, cenógrafo e figurinista teatral e performático,  escritor e teatrólogo, nasceu em Pochlarn (Áustria), mas faleceu em Montreux (Suíça). Kokoschka estudou em Viena (1805-1897): ele participou dos famosos Ateliês Vienenses (v.), fundados pelo arquiteto Josef Hoffmann. Kokoschka foi admitido nos ativos círculos culturais, musicais e intelectuais da capital austríaca que frequentou juntamente com seu amigo Karl Krauss (1908-). Kokoschka retratou Krauss e também desenhou o retrato de seu dileto amigo de toda vida, o arquiteto precurssor da moderna arquitetura européia, Adolf Loos (1870-1933).

 
O arte pictórica de Kokoschka foi influenciada pelo Estilo Jovem [Jugendstil], da ala mais jovem das artes vienenses, assumida pelos 17 artistas do Grupo (Austríaco) dos Jovens [Die Jüngen] (v.), que inssurgiu-se contra a rígida tradição acadêmica austríaca nas artes visuais. Gustav Klimt fundou a associação de artistas, conhecida como Secessão Vienense (Wiener Sezession, 1897-1932). O Grupo da Secessão Vienense (v.) publicou a revista de grande repercussão, Ver Sacrum (Primavera Sagrada, Viena, jan. 1898-1899; Leipzig, 1899-1903), o principal meio de divulgação dos associados.

Kokoschka viajou para temporada em Berlim, onde ele trabalhou com a equipe da revista Der Sturm, de Herwarth Walden, que não só publicou seus desenhos, mas também seus textos. No mesmo ano Kokoschka expôs suas pinturas na sua primeira mostra individual realizada na Galeria Der Sturm (Berlim, 1910). Durante curto período Kokoschka participou das vanguardas berlinenses; ele voltou a viver em Viena, onde aderiu ao Grupo da Sociedade Musical (1911), organizada por Alma Mahler, promotora cultural e esposa do famoso maestro e compositor, Gustav Mahler. Dois anos depois Kokoschka viajou para a Itália, quando pintou paisagens pelo caminho.
      

Durante o período da I Guerra Mundial (1914-1918) o artista foi convocado para servir ao exército; ele foi gravemente ferido e logo depois desmobilizado (1916). Quando Kokoschka recuperou-se ele escreveu Quatro Dramas (Vier Dramen, Berlim, 1919). O artista ocupou o cargo de professor na Academia de Arte (Dresden, 1919-1923), mas resignou (1924).

Kokoschka escreveu algumas peças teatrais, como Drama e Construção [Dramen und Bilder], encenada em Leipzig (Áustria, 1913). Kokoschka encenou a peça teatral de sua autoria, Assassinato, Esperança das Mulheres [Mörder, Hoffnung der frauen], para a qual ele criou os cenários e figurinos; um de seus desenhos cenográficos se encontra reproduzido (GOLDBERG, 2001: 54). Essa peça, que estreou no Teatro dos Jardins da Kunsthaus, foi apresentada com elenco de estudantes que tiveram o único ensaio geral antes da primeira apresentação. Na estréia improvisada, pois o autor mostrou aos atores apenas as linhas gerais da apresentação, predominou o estilo bastante exagerado de atuação, com caretas e máscaras faciais características das performances Expressionistas (Berlim, 1909). Posteriormente esta peça transformou-se na ópera em um ato, homônima, com libreto da autoria de Kokoschka e música de Paul Hindermith (Op. 12, 1919), que estreou com a orquestra sob a regência do maestro Fritz Busch, no Landesteather (Stuttgart, 04 jun., 1921). Pouco depois das apresentações da ópera em Viena e Munique, os textos e os desenhos cenográficos de Kokoschka foram publicados na revista Der Sturm (Berlim, 1910-1932). Os figurinos pareceram estranhos, pois o artista pintou nervos humanos sobre malha colante; desagradaram, irritaram os espectadores da ópera que recebeu a grande carga de oposição. Essa foi uma das primeiras peças das vanguardas austríacas encenada na Alemanha, enquanto que o primeiro performático alemão, Benjamin Franklyn Wedekind, alguns anos antes, quando suas peças foram censuradas no seu país, apresentou-as para a sociedade vienense (1905-).

 
Depois de sua temporada na Alemanha, Kokoschka viajou para a França e de lá, uma longa jornada levou-o ao norte da África e ao Oriente. Quando passou rapidamente por Paris, Kokoscha vendeu todas as pinturas que ele produziu na viagem para os negociantes berlinenses de arte, Paul Cassirer e Jakob Goldschmith. Kokoschka viajou para Londres através da Holanda e continuou pintando paisagens pelo caminho, além de vistas das cidades por onde passou. O artista passou anos viajando, sempre pintando nos locais de sua estadia, até que, finalmente, Kokoschka voltou para Viena: ele assustou-se ao reconhecer a escalada do nacionalismo mais radical. O artista se auto-exilou-se em Praga (1934), seguindo quatro anos depois para Londres na companhia de Olga Palkovska, que ele futuramente desposou.
 

No final dos anos 1930, quando ocorreu o grande expurgo nazista, Kokoschka foi tachado de Artista Degenerado (sic); ele pintou o Auto-Retrato Degenerado no ano em que foram confiscadas e destruídas 417 de suas obras (1938; v. Arte Degenerada). Kokoscha publicou o livro O Ovo Vermelho (Munique, 1940); o artista naturalizou-se inglês (1947), mas voltou a possuir a nacionalidade austríaca (1975).

 

Kokoschka viajou para a Itália (1948), e, no ano seguinte seguiu para os Estados Unidos (1949). O artista voltou a Europa, quando instalou-se em Villeneuve, cidade próxima ao Lago Genebra, onde viveu seus últimos anos de vida e faleceu. Kokoschka fundou a Academia de Verão, sucesso que permanece até hoje (Salzburgo, Áustria, 1953).


Kokoschka publicou seus Escritos, 1907-1955 (Schriften, 1907-1955; Munique, 1956); ele publicou Acompanhar na Areia Movediça (Spur im Treibsand, Zurique, 1956); a sua autobiografia Minha vida (Mein Leben, Munique, 1971); e A Obra Escrita (Das Schriftliche Werk, 04 vols. Hamburgo: Heinz Spielmann, 1963-1967). Foram publicados póstumamente a Autobiografia I, 1905-1919 (Briefe I, 1905-1919, Düsseldorf: Olga Kokoschka e Heinz Spielmann, 1984).

 
Obras de Kokoschka participaram da Sala Especial da Áustria, na II Bienal do Museu de Arte Moderna (São Paulo, 1953), na qual ele expôs 08 de suas pinturas, entre as quais destacamos a Paisagem do Porto de Praga (1937, óleo/ tela, 90 cm x 116 cm, no acervo da Galeria Osteirreichische, Viena); o Nu Feminino Deitado (1922, aquarela/ papel, 52 cm x 70 cm); e 5 gravuras, os retratos de Paul Scheerbart (1909), de Adolf Loos (1910), de Max Berg (sd), de Karl Kraus (1910) e de Herwarth Walden (1912), na técnica de zincografia, além de duas litografias: Encontro (1914) e Jovem Lendo (sd); mais 3 gravuras na técnica de água forte: Duas Pessoas, Galo e Galinha e Cigana, todas do mesmo ano (1925); e a gravura colorida, Retrato da Srta. Gitta (1953).
 

Gravuras de Kokoschka participaram da mostra Gravura Expressionista Alemã, realizada no Museu Lasar Segall (São Paulo, 18 ago.- 18 set., 1987): O Princípio (1919, litografia a cores, 41 cm x 31 cm), Retrato de Mulher (sd, litografia, 51 cm x 33 cm) e Retrato (1923, litografia, 31 cm x 41 cm), que se encontram reproduzidas no catálogo da mostra. Outra exposição da qual obras de Kokoschka participaram, foi Expressionismo Alemão: Destaques da Coleção Van Der Heydt Museum, realizada no Paço Imperial (Rio de Janeiro, 8 agosto - 24 setembro, 2000), itinerante ao Museu Lasar Segall (São Paulo, 2000), que trouxe 69 obras Expressionistas do acervo do Museu de Arte de Wuppertal e 121 obras do Instituto Goethe (Stuttgart) e expôs as ditas, Matrizes do Expressionismo no Brasil, apresentando 90 obras dos gravadores brasileiros Lasar Segall, Oswaldo Goeldi e Lívio Abramo, na mostra internacional que ofereceu visitas monitoradas para o setor educativo, além de publicar elucidativo catálogo.


 
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

GOLDBERG, R. Performance Art: from Futurism to the Present. London: Thames and Hudson 1989,2001. 206 p.: il., algumas color., pp. 52-54.
15 x 21 cm (World of art).
 
CATÁLOGO. II Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo. São Paulo: EDIAM/ Edições Americanas de Arte e Arquitetura, 1a Ed., dezembro 1953, pp. 74-75.
 

CATÁLOGO. FEHLEMANN, S. Expressionismo Alemão: Destaques da Coleção do Museu von Der Heydt. Biografias de Antje Birthälmer e Brigitte Muller. Wuppertal: Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, 2000. Rio de Janeiro: Paço Imperial. São Paulo: Museu Lasar Segall, 2000.
 
CATÁLOGO. Gravura Expressionista Alemã. São Paulo: Museu Lasar Segall, 1987, pp. 30-38, 188, 209.
 
DICIONÁRIO. SCHAMALENBACH, W.; GRASSKAMP, W. (Biogr.). German Art of the 20th Century: painting and sculpture 1905-1985. Translated by John Ormond. Munich - Düsseldorf: Prestel, 1987, p. 489.
 
DICIONÁRIO. THOMPSON, K. A Dictionary of Twentieth-Century Composers1911-1971. London: Farber & Farber, 1973. 666p. 16,5 x24,5 cm, p. 183.

PIERRE, J. L'Univers Symboliste: décadence, symbolisme et art nouveau. Paris: Éditions d'Art Aimery Somogy, 1991, p. 360.

SHORSKE, C. Viena Fin-de-Siècle, Política e Cultura. Tradução de Denise Bottman. Campinas: Unicamp - Cia. das Letras, 1990, pp. 207-209.
 
TESCH, J.; HOLLMANN, J. Icons of Art: the 20th Century. New York: Ekhardt Hollman, Prestel, 1997. 216p.: il., pp. 72, 73.
 

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