O artista plástico e cenógrafo russo nasceu em Tiflis (Tiblisi, Georgia), e faleceu em Erevan (Armênia), quando o território pertencia à Rússia. Yaculov estudou na Escola de Pintura, Escultura e Arquitetura (Moscou, 1900-1902); suas obras participaram de inúmeras mostras das vanguardas, como as organizadas pelo Grupo Mundo da Arte (v.), que publicava a revista homônima [Mir Iskusstva[] (1889-1904; 1910-1924), editada por Sergey Diaghilev. Obras de Yaculov participaram da mostra La Ghirlanda (1908); da exposição do Grupo da Frante esquerdista dasvArtes (LEF), que editou e publicou a revista homônima a Lef (1923-1925); e da mostra Mestres da Rosa Azul (1925). No mesmo ano as obras de Yaculov participaram da Exposição Internacional das Artes Decorativas e Modernas, conhecida como Exposição Universal (Paris, 1925).
Yaculov assinou o Manifesto Futurista russo (1914), no ano em que F. T. Marinetti, mentor do Futurismo italiano visitou o país. O italiano proferiu algumas palestras no Cabaré Cachorro Viralata [Brodiacaia soboka] (São Petersburgo, 1911-1915), pertencente ao médico e patrocinador das primeiras vanguardas russas, Nicolay I. Kulbin.
Yaculov tornou-se cenógrafo e participou da montagem da cenografia e figurinos para a peça A Princesa Brambilla, de E. T. A. Hoffmann, sob a direção de Alexandre Tairov, no Teatro de Câmera [Kamerny] (Moscou, 1920); da segunda montagem da peça O Mistério Bufo (1920), de V. V. Maiakowsky, com direção de Vsevolod E. Meierhold e V. M. Bebutov, que estreou no Teatro RSFSR-I (Moscou). A fotografia da cenografia de Yaculov para Girofle - Girofla (1922), de C. Lecoq, obra que estreou no Teatro de Câmara de Tairov, se encontra reproduzida (ATTI & FERRETTI, 1990).
A cenografia mais importante e conhecida de Yaculov, idealizada juntamente com o músico russo Sergey Prokofiev, foi para o balé O Passo de Aço [Le Pas d'Acier] (Paris,1927), criada para a companhia dos Ballets Russes de seu amigo Sergey Diaghilev. A Suite do balé, cujo tema foi a glorificação da vida operária na URSS - União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, do compositor russo Sergey S. Prokofiev. O balé em duas cenas (1925) foi apresentado pela primeira vez dois anos depois de idealizado sendo a orquestra regida pelo maestro Roger Desormière (7 jun., 1927). Os bailarinos se apresentaram calçados com botas de cano alto ou com os pés descalços, verdadeiro desafio para a coreografia inovadora de Léonid Massine.
As cenas do balé começaram representando a vida do dia a dia na nova URSS, incluindo várias passagens em que os bailarinos pareciam ridicularizar os agora empobrecidos antigos aristocratas. figurino revolucionário de Yaculov, privilegiou os novos materiais, industriais e sintéticos: para as bailarinas, sobressaias de tecido sintético rígido, mas transparentes, saias debruadas de preto usadas com aventais de brilho escuro, com presilhas e fivelas por cima. Os bailarinos vestiram calças claras de tecido grosso tipo sarja, com presilhas e fivelas; e por cima usavam avental negro de tecido com brilho plástico, recriando assim as roupas operárias. Para enfatizar o tema, tanto as moças como os rapazes carregavam marretas imensas, significando a valorização do trabalho braçal e operário, que passou a participar da vida do dia a dia do proletariado russo. Esse tema do balé suscitou no público algumas demonstrações contrárias hostis, mas, de um modo geral, a obra foi muito admirada por sua arrojada modernidade. A bela Félia Dubrowska dançou em um dos papéis principais com Lubov Tchernicheva e Alice Nikitina, esta que tinha dançado anteriormente o outro grande sucesso da temporada, o balé A Gata [La Chatte] (1927). Foi Serge Lifar quem dançou no papel pricipal do balé Le Pas d'Acier; Léonid Massine também dançou como par de Alexandra Danilova. Depois da estréia em Paris o balé foi apresentado na mesma temporada no Teatro do Príncipe [Prince's Theatre] (Londres, 09 jul. 1927). A música foi publicada pela Edição Russa de Música, que criou a Fundação Musical Kousseveitsky, em memória de Natalie Kousseveitsky, a quem muitas das músicas de importantes compositores do século XX foram dedicadas, como Um sobrevivente de Varsóvia (Opus 46, ago., 1947), para narrador, coro masculino e orquestra, de Arnold Schoenberg. A música O Passo de Aço: Suíte Sinfônica [Le Pas d'Acier: Symphonic Suite] (Opus 41b), de Sergey Prokofiev, foi composta no ano seguinte ao balé (1926) e foi apresentada na primeira récita com a orquestra sob a regência do maestro V. Savich (Moscou, 27 maio, 1928). Novamente apresentada em outra récita internacional, com a Orquestra da Rádio BBC sob a regência do maestro Albert Coates (Londres, 05 mar., 1933). A música com a redução para piano pelo próprio maestro S. Prokofiev, também foi publicada pela Ed. Russe de Musique (1927). Várias fotografias do balé e uma do cenário Construtivista de G. B. Yaculov, encontram-se reproduzidas (SHEAD, 1989).
Obras de Yaculov participaram de várias mostras cenográficas póstumas, como A Arte Figurativa Russa e Soviética (Japão, 1982); Os Pintores e o Teatro no Século XX, inaugurada em Frankfurt e itinerante a Avignon (1986); Teatro e Revolução, inaugurada em Praga (1987); Arte Russa e Soviética, 1870-1930 (Turim, 1989); a mostra A Vanguarda Teatral Russa (Amsterdã, 1989) e a mostra Rússia 1900-1930, Arte Cenográfica, que foi organizada com o concurso do Museu Teatral Estatal Central A. A. Bakhruchin (Moscou), na Galeria Electa (Milão, 1990), exposição que publicou catálogo.
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
CATÁLOGO. ATTI, F. C. degli; FERRETTI, D. (Org.). Rusia, 1900-1930, L'Arte della Scenna. Milano: Galeria Electa. Moscou: Museu Bachrusín, 1990, pp. 20-21.
SHEAD, R. Ballets Russes. Secaucus, New Jersey: Quarto Book, Wellfleet Press, 1989. 192p.: Il,.algumas color., 25 x 33 cm, pp. 119, 154.
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