O músico inglês estudou na Faculdade Real de Música [Royal College of Music] (Londres); e, ainda estudante aos vinte anos de idade, foi apresentado a Sergei Diaghilev, empresário dos Balés Russos [Ballets Russes] (Paris, 1909-1929). Lambert apresentou para Diaghilev a suite para balé de sua autoria, intitulada Adão e Eva [Adam and Eve]. Diaghilev propôs montar um balé, desde que Lambert trocasse o título da peça para Romeu e Julieta, alegando que desejava criar vínculo com a cultura inglesa. A música de Lambert foi complementada com moderníssimo libreto de Jean Cocteau, coreografia de Bronislava Nijinska e cenários e figurinos de Max Ernst e Joan Miró (v. biografias).
A temporada anterior de Diaghilev em Berlim havia sido desastrosa (1925); a companhia reuniu-se, como usualmente, passando todo o início de temporada ensaiando os novos programas em Monte Carlo (1926). Lambert chegou em Monte Carlo para apreciar o ensaio do balé Romeu e Julieta: o músico admirou a coreografia de Bronislava Nijinska, mas detestou os cenários Construtivistas de Max Ernst e Joan Miró. No entanto, Diaghilev recusou-se a mudar qualquer aspecto do balé programado e Lambert nada pôde fazer à respeito: o balé estreou com algum sucesso em Monte Carlo (4 maio). Em seguida Romeu e Julieta foi levado para sua verdadeira estréia, no Théâtre Sarah Bernhardt (Paris, 28 maio, 1926). A música de Lambert foi bem aceita, mas esta não foi temporada muito bem sucedida, tanto do ponto de vista artístico como financeiro, para os Ballets Russes de S. Diaghilev.
A intransigência de Diaghilev quanto aos cenários e figurinos que Lambert detestou, criou sério atrito entre os dois. Posteriormente Lambert escreveu e publicou artigos acusando Diaghilev de criar a expectativa de apresentação de balés baseados na novidade, dita, sintética, que o empresário conseguiria de forma deliberada e estudada, buscando colaboradores que fossem estilisticamente antagônicos. Lambert declarou que Diaghilev escolhia colaboradores com estéticas opostas e disparatadas, cenógrafos e músicos que criariam o caos elegante para balés de coquetel, o que não deixou de ser ofensivo à criatividade do empresário. Lambert ilustrou com as duplas Stravinsky/ Gontcharova, em As Núpcias [Les Noces]; Poulenc/ Marie Laurencin em Os Bichos [Les Biches]; Georges Auric/ Pedro Pruna em Les Matelots; Prokofiev/ Rouault, em O Filho Pródigo [Le Fils Prodigue]. No entanto, segundo SHEAD (1989), o único balé estilo coquetel que os Ballets Russes apresentaram foi Romeu e Julieta de Lambert e
Cocteau. No balé A Gata [La Chatte] (1927), no entanto, foi caso diferente pois Henri Sauguet gostou da cenografia e dos costumes Construtivistas do escultor Naum Gabo e dos moderníssimos figurinos de seu irmão Anton Pvsner, ambos artistas russos, posteriormente naturalizados franceses (v. Construtivismo no meu Blog:http://arterussaesovietica.blogspot.com/).
Cocteau. No balé A Gata [La Chatte] (1927), no entanto, foi caso diferente pois Henri Sauguet gostou da cenografia e dos costumes Construtivistas do escultor Naum Gabo e dos moderníssimos figurinos de seu irmão Anton Pvsner, ambos artistas russos, posteriormente naturalizados franceses (v. Construtivismo no meu Blog:http://arterussaesovietica.blogspot.com/).
Tamara Kasarvina, uma das grandes estrelas da companhia dos Ballets Russes, escreveu nos anos vinte:
[…] Excêntricas como algumas produções experimentais de Diaghilev podem parecer, foram criadas com os melhores ingredientes da arte, e este fato explica em grande parte porque ele conseguia manter seu público subjugado […].(SHEAD, 1989).
REFERÊNCIA SELECIONADA:
SHEAD, R. Ballets Russes. London: Quarto Books. Secaucus (NJ): Wellfleet Press, 1989, pp. 125, 140, 142, 179.
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