BIOGRAFIA: TCHELITCHEV, Pavel (1898-1957).
O artista plástico, pintor de estilo Surrealista, cenógrafo dos Balés Russos de Sergey Diaghilev, nasceu em Kduja (Rússia) e faleceu em Lazio (Itália). O artista, que posteriormente se naturalizou norte-americano (1952), frequentou a Universidade de Moscou (1916-1918) e a Academia de Artes de Kiev (1918-1920). As primeiras pinturas de Tchelitchev abraçaram o estilo Cubo-Futurista das vanguardas russas: o artista foi influenciado pelas obras de Aleksandra Ekster.
Na década de 1920 o artista foi viver em Berlim (1920-1923) e, em seguida, em Paris. O artista russo integrou-se às vanguardas francesas no Grupo dos Neo-Humanistas ou Neo-Românticos (v.), associado a Jean Cocteau, por muitas décadas a mais destacada personalidade das vanguardas francesas. Dois artistas do grupo, Christian Bérard e Pavel Tchelitchev, tornaram-se cenógrafos consagrados, mas, enquanto as obras do artista francês foram práticas e eficientes, as do russo foram difíceis e dispendiosas.
Tchelitchew criou cenários complicadíssimos para o balé Ode, a Grandeza da Natureza e a Aurora Boreal, baseado no poema de Mikhail Lomonosov, dedicado à Imperatriz Elizabeth da Rússia (século XVIII), musicado com a Cantata do compositor Nicolas Nabokov e encenado pelos Ballets Russes [Balés Russos] da Cia. Teatral S. P. Diaghilev (1928). Os cenários moderníssimos de Tchelitchew foram realizados por Bóris Kochno, a coreografia foi de Léonid Massine e o espetáculo recebeu iluminação especialmente projetada pelo cineasta Pierre Charbonnier. O figurino vestiu os bailarinos com malha colante branca, que cobriu suas cabeças. O balé foi dançado por Serge Lifar, no auge de sua beleza e juventude, que levou nas mãos uma esfera de cristal facetado, que produziu reflexos iridescentes nas cores do arco-íris. Tchelitchew modernizou esse balé, realizando obra atmosférica, contemporânea, com cenário e figurinos de grande ousadia, tido como uma das mais revolucionárias e originais cenografias e figurinos de dança. O balé fez um sucesso discreto de público, mas foi incensado pela crítica teatral, que declarou ser essa criação uma das verdadeiras obras-primas dos Balés Russos, por ocasião de sua estréia no palco do Teatro Sarah Bernhard (6 de jun., 1928). Duas fotografias de Ode se encontram reproduzidas (SHEAD, 1993: 158-159).
Tchlitchev, juntamente com Christian Bérard, realizou cenografia para companhia Os Balés [Les Ballets] (1933), que Bóris Kochno ajudou a organizar, financiada pelo rico anglo-americano Edward James. James foi casado com Misia, nascida Godbeska, conhecida como Misia Sert (v. biografia). Associada desde o início nas atividades da companhia de Sergey Diaghilev na Europa, ela colaborou com seus balés, patrocinou a companhia e ajudou nas crises financeiras. Para a nova companhia Georges Balanchine, que emigrou posteriormente para a América (1933), criou a coreografia de seis balés, com músicas de Kurt Weill, Darius Milhaud e Henri Sauguet. Os balés foram considerados como as obras mais próximas do verdadeiro espírito de colaboração existente na antiga companhia dos Ballets Russes, responsável pelo grande sucesso de suas produções vanguardistas.
Tchlitchev tornou-se amigo do escritor Surrealista René Crevel, que suicidou-se jovem. Na época, Tchelitchev não se associou ao grupo de artistas e escritores Surrealistas, mas quando ele, junto com seu parceiro, o escritor Charles Henri Ford, emigrou para a América (1934), se aproximou do grupo de artistas europeus liderados por André Breton, exilados desde o final da década de 1930. Obras do artista participaram das mostras norte-americanas, sendo que a primeira realizou-se na Galeria Pierre (Nova York, 1942). Tchelitchev apareceu na fotografia conjunta com o grupo de André Breton e vários artistas europeus que participaram da mesma mostra, como Fernand Léger, Marc Chagall, Max Ernst, Roberto da Matta, Yves Tanguy e Piet Mondrian, entre outros.
No período da Segunda Guerra Mundial Tchelitchev emigrou para os Estado Unidos, onde ele realizou algumas obras cenográficas extraordinárias com muito talento e sucesso. Na sua vida norte-americana, Tchelitchev desenhou ilustrações para a revista View, editada por Ford e pelo escritor e crítico de arte Parker Tyler, que publicou posteriormente o livro A Divina Comédia de Pavel Tchelitchev: Biografia [The Divine Comedy of Pavel Tchelitchew: A Biography (New York, Fleet, 1967).
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
DICIONÁRIO. DUROZOI, G. Dictionaire de l'art moderne et contemporain. Sous la direction de Gérard Durozoi. Paris: Fernand Hazam, 1992. 676p.: Il, p. 614.
DICIONÁRIO. SCHMIED, W.; WITFORD, F.; ZOLLNER, F. The Prestel Dictionary of Art and Artists in the 20th century. Munich – London - New York: Prestel, 2000. 383p.: il., p. 320.
DICIONÁRIO. THOMPSON, K. A Dictionary of Twentieth-Century Composers: 1911-1971. London: Farber & Farber, 1973. 666p. 16,5 x 24,5 cm, pp. 429, 461, 462.
INTERNET. Pavel Tchelitchew. From Wikipedia, the free encyclopedia. 12 set., 2008. Disponível em: http: //en.wikipedia.org/wiki/Pavel_tchelitchew Acesso em 02 de fev., 2009.
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